22/05/2023 10h00 - Atualizado em 22/05/2023 16h14

Deonel Rosa Junior morreu nesta madrugada - Jornalista e Diretor do Jornal de Jales

Um Profissional inigualável que escreveu a história de Jales e Região, um mestre do bom jornalismo e inspirador.

Faleceu em Jales, nesta segunda-feira (22) o Jornalista Deonel Rosa Junior, Diretor do Jornal de Jales. Segundo as informações obtidas até o momento, uma funcionária da casa chegou para o trabalho e Deonel não abriu a porta, quando com a ajuda de alguns amigos, arrombaram a porta e o encontraram na cama já sem vida. As causas ainda não foram divulgadas.

Deonel fundou o Jornal de Jales em outubro de 1971, foi locutor nas Rádios Assunção, Cultura e também na Antena 102. Foi um profissional de muita credibilidade e serviu de inspiração para muitos profissionais do radiojornalismo na cidade e região. Sou grato pelo grande período de convivência profissional e tive o privilégio de pertencer ao seu grande leque de amizades. Deonel Rosa Junior, meu mestre, meu professor e inspirador. Obrigado! (Ilson Colombo)

(Deone e Colombo - outubro 2022 -)

Hoje republico um texto de autoria de Luiz Carlos Seixas, escritor, instrumentista e compositor, publicado em 9 de janeiro de 2022 na Edição do Jornal de Jales que expressa um pouco do que foi e o legado que deixa para todos que conviveram com Deonel. Leia:

"Se Jales fosse um time grande e Deonel Rosa Júnior um jogador profissional, a maior transação da nossa história teria sido a sua contratação. Eu não sei quanto tínhamos em caixa quando compramos o seu passe junto ao time de Olímpia. Também não consigo imaginar o que ele, com 20 anos de idade, viu de interessante naquela jovem cidade que ainda asfaltava as suas primeiras ruas. O fato é que há meio século o Deonel é nosso.

Deonel Rosa Júnior é o nosso embaixador, o nosso procurador, timoneiro e protetor. Que me desculpem os vivos e os mortos, mas, qual político foi mais influente ou responsável pelo que podemos dizer que a cidade conquistou nesses últimos 50 anos? Em todas as áreas da coisa pública vemos a marca da sua mão. É o incansável guerreiro que às vezes carrega o piano e o time nas costas. E sempre foi assim. Desde o início do primeiro tempo.

Deonel chegou a Jales com a Primavera de Tim Maia, que ele não se cansava de repetir, todas as manhãs, no seu programa pela Rádio Cultura. Um ano depois, era Construção, 6 minutos e meio de Chico Buarque, que ele tocava todos os dias enquanto minha mãe preparava o almoço. Mas isso é como se a gente estivesse ouvindo um jogo pelas ondas do rádio. A primeira vez que eu o vi em campo, pessoalmente, foi em 1971, quando Vinícius de Moraes veio a Jales, e ele, Deonel, foi escalado para recepcionar o poeta na rua, em frente à Faculdade. Naquela tarde memorável, Deonel marcou um gol de placa ao convencer Toquinho, Vinícius, Marília Medalha e Trio Mocotó a se recolherem na casa do Dr. Eduardo Ferraz ao invés de se arriscarem nos nossos hotéis tão precários. Dois anos depois foi a vez dele levar Martinho da Vila pelo braço numa noitada que terminou no bar do Olíces, quando o sol já nascia e as garrafas estavam todas vazias!. E assim tem sido, e assim será até o último minuto da prorrogação. Quando um governador, um presidente da República ou outra personalidade vem a Jales, Deonel é o escolhido para falar por Jales e região. É ele o mestre de cerimônia no lançamento de qualquer coisa, seja uma máquina, um livro ou um projeto. Deonel fala de improviso, com desenvoltura e conhecimento de causa. Depois, durante a recepção, poderemos ouvir, de graça, a sua risada sincera, ou assistir ao milagre com que ele multiplica um minuto de atenção para distribuir aos presentes.

Eu não sei como Olímpia se vira sem o Deonel. Aliás, não sei como as demais cidades se viram sem ele. De um jeito ou de outro, devem se virar. Afinal, as pessoas não se viram a noite toda na cama atrás de uma coisa que parece simples: dormir?  Neste domingo, Deonel faz aniversário. Há 50 anos eu sei disso. Desde aquele churrasquinho no quintal da primeira redação do Jornal de Jales, na Rua Onze, que terminou nas escadarias do Clube do Ypê. Era a madrugada de 9 de janeiro de 1973."

 

NOTA DE FALECIMENTO

DEONEL ROSA JUNIOR

O Jornal de Jales cumpre a difícil missão de informar o falecimento do seu diretor-proprietário Deonel Rosa Junior, 72 anos. Ele foi encontrado sem vida em sua residência na manhã desta segunda-feira, 22. Era viúvo e não tinha filhos. Nascido em Olímpia, em 9 de janeiro de 1951, era filho de Deonel Rosa e Cassimira do Nascimento Rosa. Não há informações sobre a causa da morte, velório e sepultamento.
Deonel iniciou na imprensa aos 17 anos em sua cidade natal, Olímpia, onde foi co-fundador do jornal da Cidade.
Deixa um legado na imprensa de Jales, cidade que escolheu para viver desde 2 de maio de 1970. Licenciado em Estudos Sociais, atuou no jornalismo e no rádio jalesense desde a década de 70. Diretor proprietário do Jornal de Jales desde 1981. Sócio-cotista da Editora Fernandópolis-Jales (Ferjal).
Fundador do Fórum da Cidadania de Jales, instância comunitária formada por entidades de classe, clubes de serviço, associações profissionais e instituições filosóficas. Primeiro presidente do Conselho Municipal de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra.
De 1995 a 2004, foi editor e mantenedor do Projeto Memória, fascículos mensais contando a história da cidade através do depoimento de pessoas vivas.
Autor do prefácio dos livros “Precursores e Pioneiros”, de Genesio Seixas; e “A Jales que Vivi”, de Roberto Gonçalves
Foi venerável-mestre da Loja Maçônica Coronel Balthazar. Também é grau 33 no filosofismo maçônico
Entre 1983 e 1986 integrou a equipe que desenvolveu o primeiro projeto de jornalismo regionalizado na televisão, como contratado da Rede Globo Oeste Paulista sediada em Bauru.
Já foi homenageado pela Câmara Municipal de Jales com a Medalha XV de Abril e o título de Cidadão Jalesense. Também recebeu título de Cidadão Uraniense outorgado pela Câmara Municipal de Urânia.