15/04/2015 09h57 - Atualizado em 15/04/2015 09h57

Jales / 74 anos de fundação

Por Deonel Rosa Junior

A comemoração do 74º aniversário da cidade, induz naturalmente a uma reflexão sobre o futuro de Jales.
Por mais que se queira pensar em coisas mais amenas como, por exemplo,a realização da Facip, com seus shows e rodeios, a sensação de que a barra anda pesada é inevitável.
Na verdade, dá até para entender este clima de baixo astral reinante entre os habitantes de Jales, eis que a cidade vem passando por um processo de acontecimentos negativos que parecem não ter fim.
Depois da frustração com a administração de Antonio Sanches Cardoso, o Rato,  que tinha chegado ao poder montado em um caminhão de votos —66,07% dos votos válidos — entre 1997 e 2000, o   vencedor da eleição seguinte, José Carlos Guisso , do PSDB, assumiu o governo pacificando a cidade, convidando até adversários e concorrentes para se integrar à administração, abrindo as portas também para participação da comunidade. Foram 11 meses eletrizantes, que produziram, entre outras conquistas, a instalação da Vara da Justiça Federal e da Delegacia da Polícia Federal, consolidando a posição de Jales como centro de região.
O sonho acabou na noite de 21 de novembro de 2001 quando um lamentável acidente na rodovia Euclides da Cunha, a poucos quilômetros de Jales, tirou a vida do prefeito.
Foram mais três anos de insegurança administrativa gerada pela  fatalidade.  Guisso foi sucedido por José Antonio Caparroz, o vice, que também faleceu no exercício do cargo, sendo substituído por presidentes da Câmara que, sem o respaldo do voto popular, pouco puderam fazer.
Quando Humberto Parini venceu a eleição de 2004, as esperanças se renovaram. Era o único prefeito de cidade  média do noroeste paulista eleito pelo PT em um governo federal presidido por Luís Inácio Lula da Silva.
O começo não foi fácil. Parini assumiu com a cidade debaixo d’ água. Bairros como o Santo Expedito, por exemplo, tiveram até remoção de moradores.  Mas, ele foi em frente, tocando os quatro primeiros anos de maneira exemplar, principalmente na educação.
Quando se esperava um segundo mandato de arrebentar a boca do balão,o imponderável reapareceu de novo na cena política local. Ele teve que passar quase todos os quatro anos finais tentando evitar a cassação e até a perda do emprego público em função de um processo que rolava desde 1997, quando ele presidiu a Facip, o que, de certa forma, o fez perder o foco.   
No meio de todo esse vendaval político, Jales sofreu um baque em sua economia  com o fechamento, por motivos diferentes, dos frigoríficos Jales e Itarumã, que geravam milhares de empregos diretos e indiretos.
Em 2012, renasceu a esperança sob a forma de mudança. A população resolveu colocar uma mulher, Eunice Mistilides Silva (PTB), na Prefeitura, um fato histórico.Em dois anos, o sonho se desfez no ar. Eunice foi cassada pela Câmara Municipal.  
Como estabelece a legislação, assumiu o vice Pedro Manoel Callado Moraes (PSDB), Aparentemente sem projeto político no sentido da reeleição, Pedro Callado pode exercer um papel semelhante ao de Itamar Franco depois do impeachment de Fernando Collor, em 1992, que assumiu a presidência em condições adversas,mas deu a volta por cima ao lançar o Plano Real, cujos efeitos persistem até hoje.
Tal qual Itamar, Callado pode ser o prefeito da transição, aplainando o caminho para que quem assumir depois dele o faça em melhores condições de governabilidade municipal.
Mais:  se isso acontecer, Pedro Callado poderá passar para a história como o prefeito que resgatou o maior patrimônio de nossa população: a autoestima.