16/03/2023 16h38 - Atualizado em 16/03/2023 16h38

Produção de peixes no Brasil cresce 2% em 2022, puxada pela tilápia

Expectativa da Peixe BR é de que Brasil se torne o terceiro maior produtor de tilápias do mundo até 2030

A Associação Brasileira de Piscicultura (Peixe BR) revelou um aumento de 2% na produção de peixes no país em 2022, com destaque para a tilápia. A espécie representa 65% da criação de peixes no Brasil. A expectativa da Peixe BR é que até 2030 este índice salte para 80%. Atualmente, o Brasil é o quarto maior produtor de tilápias do mundo, ficando atrás de China, Indonésia e Egito. Se alcançar o aumento estimado, o país subirá para a terceira posição em sete anos. (https://globorural.globo.com)

De acordo com o ANUÁRIO 2023 Peixe BR da Piscicultura, no ano passado a produção brasileira de peixe de cultivo chegou a 860.355 toneladas, conforme o levantamento exclusivo realizado pela Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR).

Esse número representa aumento de 2,3% sobre as 841.005 toneladas produzidas em 2021. Desde que a Peixe BR oficializou essas estatísticas, em 2014, a evolução da produção de peixes de cultivo já chegou a 48,6%. É um acréscimo de 281.555 toneladas dentro de nove anos. E essa multiplicação não tem milagres.

Todo esse avanço é resultado de muito aprimoramento de toda a cadeia produtiva e da intensa dedicação da Peixe BR para estimular, por todo o País, não só o cultivo sustentável – do ponto de vista econômico, ambiental e social – dessa proteína, como o consumo.

Com o crescimento da própria atividade também tem ganhado força a imagem institucional do pescado. O ano foi bastante atípico, com um primeiro semestre de preços baixos pagos ao produtor de tilápia. Essa condição levou a uma redução do alojamento e, por consequência, também da oferta de peixes na segunda metade de 2022. A partir daí houve aumento de preços pagos ao produtor. Entre agosto e dezembro houve a maior série histórica dessa elevação, com aumentos semanais.

A elevação do custo de produção impactou todas as demais cadeias de proteína de origem animal e não foi diferente com a piscicultura.

“Esse foi um dos principais desafios do setor, pois acabou influenciando os preços da ração, que representa o maior custo da piscicultura”, afirmou o presidente da Peixe BR, Francisco Medeiros.

 O dirigente acrescenta que o cenário ainda foi intensificado por mais uma perda do poder aquisitivo de parte da população. “A solução foi melhorar a gestão dos negócios em toda a cadeia produtiva, oferecendo novos itens ao consumidor final e ampliando os canais de venda”, disse Medeiros.

Com a melhoria dos preços pagos ao produtor no segundo semestre, houve uma corrida por alevinos e juvenis de tilápia. O mercado não conseguiu atender a essa demanda durante todo o segundo semestre, já projetando uma grande produção para o ano de 2023. Segundo o presidente da Peixe BR, o Brasil tem neste momento as melhores condições do mundo para continuar e aumentar sua produção.

A quaresma de 2023 é o período que vai definir o futuro do negócio de peixes nativos. Se houver uma recomposição de preços pagos ao produtor poderá ocorrer uma retomada da produção no Brasil. Porém, sem a solução para os principais gargalos do setor o risco continua. Medeiros destaca que a piscicultura brasileira, gerida de maneira profissional como tem sido feito, ainda é recente. “Está apenas começando no Brasil. E temos aí três décadas seguidas de crescimento”, afirmou.

Grande expectativa vem também do espaço que o peixe produzido por aqui pode ocupar no mercado internacional. Essa presença ainda é pequena, mas pode crescer com mais velocidade. Segundo Medeiros, a abertura de mercado para produtos congelados como a tilápia em filé ou inteira já tem feito a diferença. “Já estão entre nossos principais itens de exportação.”]

A tilápia, aliás, continua a ser o destaque dos peixes de cultivo e teve aumento de 3,0% na produção nacional quando se compara as 550.060 toneladas de 2022 às 534.005 toneladas de 2021. Os peixes nativos também avançaram (1,8%) nessa mesma comparação, passando de 262.370 toneladas para 267.060 toneladas.

Os índices de expansão podem ser ainda mais relevantes nos próximos anos conforme aumentar também a segurança jurídica para produção de pescados de cultivo, com ampliação da liberação de uso das águas da União e com mais programas governamentais que estimulem o setor.

A Peixe BR mantém um trabalho intenso para que isso aconteça e, agora, ainda mais com o início de um novo governo federal e a retomada do Ministério da Pesca e Aquicultura. A entidade já se aproximou do novo ministro, André de Paula, para mostrar qual é a realidade da piscicultura brasileira e onde a atividade pode chegar. E o quanto o trabalho conjunto pode nutrir esse avanço. (com informações do anuário peixe BR 2023)